Sentamos em frente a tela da TV para acompanhar o noticiário e já nos conectamos com outra tela, a do Smartphone para responder a mensagem e em seguida abrimos a tela do notebook para concluir uma pesquisa. Cenário comum para você? Bem vindo à cultura multitela.

Desde a hora em que acordamos até o momento que vamos dormir, interagimos diversas vezes com vários dispositivos por diferentes motivos: mantemos contato com a família, estudamos, trabalhamos, nos divertimos, planejamos, compramos.
Atualmente grande parte dessas atividades estão centralizadas no Smartphone mas não é apenas através deles que permanecemos conectados.
Há menos de uma década cada um de nós tinha apenas um dispositivo que nos conectava com o mundo online, na maior parte das vezes, um computador desktop. Aos poucos a tecnologia transformou velhos aparelhos em novos dispositivos conectáveis: uma simples Tv em SmartTV, relógios em Smartwatches, celulares em Smartphones e diversos outros dispositivos tecnológicos. Todos eles inteligentes e conectados ao mundo online.
Estamos mais “omnichannel”
Atualmente, a forma como nos relacionamos com as inovações é muito mais fluida, integrada e omnichannel. As ações entre os nossos dispositivos se tornaram tão contínuas e complementares que mal notamos mais por quantos dispositivos passamos em uma simples decisão de compra, por exemplo.

Quando falamos do uso multi-screening, estamos divididos entre dois tipos de usuários. O primeiro é daqueles que adotam o uso sequencial, que vai de um aparelho para outro de diferentes maneiras para realizar uma atividade. O segundo grupo é daqueles que fazem uso simultâneo, ou seja, o uso de mais de um aparelho ao mesmo tempo para atividades relacionadas ou não. Se você fosse chutar onde a maior parte da população aqui no nosso país se encaixa, certamente acertaria: o segundo é o comportamento comum de mais de 70% das pessoas que vivem no Brasil.
Não por acaso, um estudo realizado pela Global Web Index afirmou que quase 90% dos brasileiros usam o smartphone enquanto assistem TV e apelidou o país de “a nação de second-screeners”. Segundo o Google, são seis em cada dez espectadores intercalando suas telas – consegue imaginar?
Pesquisas foram feitas e já existem perfis de comportamento multitela. Conhecer a fundo esse comportamento pode ser um divisor de águas na hora de construir o conteúdo para seu público.
Perfis de comportamento multitela
O primeiro perfil chama-se “caçando conteúdo” e tem natureza multitarefa porque as atividades são simultâneas mas não estão relacionadas. Por exemplo, acessar a previsão do tempo no smartphone enquanto assiste um programa na TV. A atenção do usuário migra de uma tela para outra de forma bem rápida; mensagens curtas e diretas podem ser mais efetivas neste momento do que convites para clique, por exemplo.
Outro comportamento é a “teia de investigação” que acontece quando o conteúdo de uma das telas provoca curiosidade suficiente a ponto de justificar a utilização de uma outra tela para investigar o assunto da tela anterior. Por exemplo, assistindo um vídeo no desktop, usa o smartphone para descobrir onde o vídeo foi filmado ou o sobrenome do ator principal. As marcas promovem este tipo de comportamento ao incentivarem usuários a acessarem seu conteúdo em diferentes canais de comunicação.
O terceiro perfil é o da “Teia Social”, que é basicamente utilizar uma tela para enviar comentários ou ler opiniões de outras pessoas sobre o conteúdo que está sendo consumido em uma outra tela, neste caso, a principal. Por exemplo, enquanto assiste um reality show na TV, a pessoa manda uma mensagem para um amigo sobre um fato que aconteceu no programa.
O quarto comportamento é o “Quantum”, em que o usuário troca de telas em função do seu contexto específico, esse é bastante comum. Por exemplo, enquanto assiste TV e vê a chamada de um filme em cartaz, usa o smartphone para conferir em que cinema e horário as sessões estão sendo exibidas. Em seguida abre o tablet com tela maior para escolher os assentos e efetuar a compra.
Várias telas, uma compra

Em meio ao comportamento multitelas, claramente o perfil de um consumidor que fragmenta seu processo de compra durante o dia foi modificado e a busca online acaba sendo uma ferramenta que conecta as diferentes etapas.
Segundo o relatório “Celulares no processo de compra”, 70% dos usuários de smartphones, afirmam que o utilizam para encontrar e comparar produtos e serviços, recorrendo ao Google como principal ponte na troca de telas. Somente após estas pesquisas, realizam a compra seja em casa ou no trabalho, usando diferentes dispositivos.
Atrair e reter esse consumidor é um novo desafio para as empresas. É preciso pensar em estratégias que facilitem a experiência deste consumidor multitelas e saber interpretar seus movimentos é a chave para o sucesso de um negócio.
Soluções como permissão para que o usuário faça logon no site para dispositivos móveis, depois de adicionar itens ao carrinho, por exemplo. Desta forma o seu progresso é salvo na sua conta para continuar em outro dispositivo em seguida. Outra possibilidade é oferecer ao usuário a opção de enviar um e-mail para “salvar” as informações de um ou mais produtos consultados e continuar a comprar mais tarde começando a partir desta seleção de opções.
Mobile First

Fica claro que o dispositivo que mais interage com os outros é o smartphone. Ele sempre está lá. Não há mais como pensar em estratégias de marketing sem pensar em mobile. Não há mais como criar sites, e-commerces sem pensar em testá-lo primeiro nos smartphones e tablets.
Não existe mais espaço para pensar na comunicação e marketing sem levar em conta a experiência móvel em primeiro lugar. A jornada de compra vai muito além do último clique: o mobile traz uma série do que podemos chamar de micro-conversões (como gerações de leads, ligações para a empresa, visitas à lojas ou download de aplicativos) que afetam diretamente jornadas de compra e preferências por tal marca.
A pergunta que não quer calar
Depois de toda essa análise podemos finalmente responder: para onde vai a atenção do usuário com tantas telas à sua frente?
Para todos os lugares ao mesmo tempo! Desde que haja interesse, curiosidade e ações criativas, eles transitam de um dispositivo ao outro. O mais importante não é para onde vai a atenção dele, mas se a sua marca se comporta bem em todos esses dispositivos oferecendo interações mais completas e experiência mais facilitada. É pensar que a jornada de compra se fragmentou, então a sua marca tem que responder às diversas perguntas de um usuário mais exigente, informado e cada vez mais multitelado.
E a sua marca? Está preparada para percorrer essa jornada?